terça-feira, 3 de agosto de 2010

Além dos Limites


Carlos estacionou o carro embaixo da ponte e desligou o motor, aumentou o volume do rádio e sem que Izaura esperasse, começou a beijá-la com volúpia. Suas mãos abusadas já bailavam dentro da blusa dela, procurando alcançar os seios. Num golpe rápido, deitou o banco do carro e com a agilidade de um felino passou para o banco do carona, espremendo o corpo esbelto de Izaura com o seu. Izaura correspondia mordiscando os lábios de Carlos, apertando suas nádegas com força. Sem perder tempo, começou a abrir sua calça, não queria esperar mais, pois já sentia o umedecer de sua vagina.
Os vidros embaçados e o som do rádio impediram o casal de perceber a aproximação silenciosa daquele Voyage preto, que parou atrás do carro de Carlos que foi surpreendido ao sentir que mãos o puxavam para fora do carro. A pancada na cabeça o fez desmaiar.

Izaura, em pânico e atordoada pela surpresa, mal conseguia balbuciar. Sentiu alguém segurar seus pés e puxar-lhe para fora, sendo jogada ao chão e chutada violentamente no abdome.
- Olha aí Alemão. Vê só que corpinho dessa puta. Cara, eu vou engaçar essa vadia.
- Pega leve Zeca. Tu já não desgraçou aquela menininha?
- Qual é cumpadi? Vai marrentar agora é? Tu é frouxo mesmo o caralho.
- Cara, te liga, a polícia deve estar rondando por aí. Vamos levar o carro e deu.
- Vai se fuder Alemão. Eu vou comer essa puta. Olha só, tá com os pentelhos aparadinhos, não é um tesão?
- Cara, eu to avisando, deixa a mina pra lá e vamo embora.
- Vai cagar, Mané. Tá afrouxando? Vai me peitar?
Enfurecido, Zeca Pele de Cobra estoura a cabeça de Carlos com um tiro. Não satisfeito, vira o cadáver de bruços e dá mais três tiros à queima roupa em seu ânus. Alemão Cabeça de Martelo, transtornado, se joga em cima de Zeca, desferindo vários socos na sua cara. Os dois rolam pelo chão, um tentando atingir o outro. Alemão conseguiu puxar de sua faca e abriu um rasgo na barriga de Zeca, que ficou esticado no chão frio, segurando as tripas que escapuliam entre suas mãos. Quando Alemão se levantou, sentiu um baque e uma queimação na sua coluna, caindo imediatamente de joelhos.
Tonho Boca Santa empunhava sua pistola ainda fumegante, pronta para mais um disparo, desta vez mirava na cabeça de Alemão. Repentinamente, sentiu algo atravessar-lhe a garganta, queimando, fazendo seu sangue jorrar em cascata. Seus olhos turvaram e Tonho Boca Santa tombou com o tiro certeiro disparado por Zeca Pele de Cobra.
Jack puxou o gatilho uma única vez e observou os miolos de Zeca esparramar-se pelo chão empoeirado da margem do rio. Seus ouvidos zuniam latejantes, ecoando no fundo de seu cérebro. Tudo foi muito rápido, demais até. Olhou para os corpos estendidos no chão, nada se movia. Pairava no ar o cheiro de sangue e pólvora. O silêncio foi quebrado pela voz de Jim Morrison no rádio do gol vermelho: This is the end, beautiful friend. This is the end, my only friend, the end. Casualmente ou não, o tabuleiro da vida mexia suas peças. Jack caminhou até o corpo de Tonho que dava seus últimos espasmos. Abaixou-se e colocou seus dedos na carótida para certificar-se, inesperadamente, após um espasmo, Tonho peidou, e, definitivamente, seu corpo desfaleceu.
Jack sentiu o peso do mundo em suas costas. Tonho fora o único parceiro que fechava com ele, e agora estava morto. Levantou-se enfurecido e parou em frente ao corpo de Zeca, esfacelou sua cara a tiros, nem sua mãe iria reconhecê-lo. Pegou a arma de Zeca e caminhou na direção de Izaura, que continuava desacordada, apesar de todo o barulho.
Ficou em pé diante daquele corpo nu. Se fosse em uma outra ocasião, não hesitaria em foder aquele corpo delgado, mesmo desmaiado. Era uma pena, a garota era jovem e gostosa, deveria ter o máximo dezenove anos, pela pele macia e a maquilagem, Jack concluiu que era mais uma filha bastarda, viciada em pó, que passava as noites na balada, fodendo como cadela no cio em troca de umas carreiras de pó.
Com a mão protegida por uma luva cirúrgica, Jack desferiu dois tiros no peito de Izaura e um na cabeça. Não queria testemunhas. Voltou ate pó corpo de Zeca e recolocou a arma em sua mão. Foi até o Gol vermelho, tirou a chave da ignição, abriu o porta-malas e pegou a mochila preta recheada de cocaína. Fechou o porta-malas e recolocou a chave na ignição. Foi até a viatura discreta, guardou a mochila e pelo rádio chamou apoio e socorro médico.
Quando os colegas e as ambulâncias chegaram, Jack estava sentado no lado de fora da viatura, espremendo o ferimento na sua perna.
- Mataram o Tonho! Mataram o Tonho!
- Calma! Jack. Vai ficar tudo bem - Dizia o Capitão Denis enquanto segurava sua mão no intuito de ampará-lo.

Um comentário:

Lou Marciano James disse...

Salve!
"Além dos limites" foi um título propício a trama, afinal, nem sempre mantém-se o controle da situação e de vez em qdo algo não sai conforme o planejamento.
Fiquei imaginando... O peido do Tonho... Devia ter um cheiro ocre de pólvora.
Até.